As Casas Goulart nasceram de um sonho de família passado de geração em geração. Amaro Silva, à imagem do seu pai comerciante Manuel Inácio Silva, criou nos anos 30 o seu próprio negócio, comércio de mercearia, tecidos e materiais de construção. Tinha uma pequena empresa de cinema e uma modesta pensão onde dava alojamento a caixeiros viajantes que percorriam os comércios da ilha tomando nota das encomendas.
Maria Helena, filha de Amaro Silva, desde pequena tinha contacto com os negócios do pai e embora no princípio tenha direcionado a sua vida noutro sentido a semente ficou e, mais tarde, com o apoio e espírito empreendedor do marido José Leonardo, amante incondicional das pedras negras do Pico e das casas de pedra, começou por recuperar algumas moradias de família, criando uma pequena empresa familiar de turismo em espaço rural.
A empresa pioneira que foi crescendo, hoje conta com vários alojamentos com vistas deslumbrantes sobre o canal, onde o conforto e bom gosto aliados à tradição e à arte de bem receber têm como finalidade dar aos clientes que escolhem as Casas Goulart um ambiente acolhedor, familiar e tradicional.
No presente é Mónica Goulart, apaixonada pela sua ilha e tradições, filha de Maria Helena e José Leonardo que dá continuidade ao negócio da família.
A Ilha do Pico é a mais nova das 9 ilhas do arquipélago dos Açores, com uma área total de 447 quilómetros² , onde se ergue a majestosa montanha que dá nome à ilha, com 2351 metros de altitude e uma população de 13 643 habitantes distribuídos por 3 concelhos.
No extremo do concelho de São Roque do Pico fica Santo Amaro, a mais pequena das freguesias da ilha. Mas a compensar a sua reduzida área está a beleza ímpar das suas paisagens que se estendem desde o verde da encosta até ao azul do mar, salpicadas por casas brancas de tetos vermelhos, lembrando um presépio aconchegado neste cantinho de paz e tranquilidade.
Santo Amaro tem apenas 280 habitantes, conhecidos pela sua simpatia e hospitalidade e pelo seu espírito ativo e empreendedor, tendo sido este o 1.º lugar de Portugal a acabar com o analfabetismo.
Os habitantes desta freguesia sempre viveram da agricultura e da pecuária, mas cedo viram no mar uma janela de oportunidades, resultando em grandes marinheiros que em barcos de cabotagem ligavam as ilhas dos Açores, ou em botes de boca aberta e remos em mãos calejadas arpoavam baleias para poder sustentar as famílias. Em 1984 a caça à baleia foi proibida e agora esse legado foi transformado em respeito pelos gigantes do mar. Os botes são agora barcos de regatas e as baleias e golfinhos que cruzam o Atlântico, amigos que visitam amiúde através das muitas empresas de observação de cetáceos.
Nesta denominada Terra dos Barcos nasceram grandes construtores navais que com a sua arte e engenho levaram a todo o mundo o nome desta pequena freguesia. Daqui saíram nomes ilustres que em diferentes áreas e a nível nacional e internacional muito orgulham este lugar.
A Escola Regional de Artesanato de Santo Amaro, aberta nos anos 80, instalada numa casa familiar, remodelada respeitando a traça antiga, tem sido ao longo dos anos um pólo de desenvolvimento, preservação e aprendizagem da tradicional arte da costura, das rendas e bordados, trabalhos em escama de peixe e miolo de figueira.
Hoje, Santo Amaro, além de todas estas atividades é também um pólo de turismo procurado por pessoas de todo o mundo que buscam paz, tranquilidade e a natureza pura que só um lugar paradisíaco como este, onde os cagarros cantam serenatas em noites de céu estrelado, imperturbado pela ausência de poluição luminosa, pode oferecer.